quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Amor - crítica

O filme dirigido por Michael Haneke retrata com mérito o seu título: Amor.

Palavra esta muito banalizada nos dias de hoje, diz-se com frequência eu te amo, embora nem sempre as atitudes reflitam isto.


O filme venceu o Palma de Ouro em Cannes, Globo de Ouro de Filme Estrangeiro e recebeu ainda 5 indicações ao Oscar (Melhor Filme, Filme Estrangeiro, Roteiro, Direção e Atriz)

Haneke nos inquieta com seu filme e provoca esta reflexão: até que ponto você está disposto a se sacrificar pela pessoa amada?
Aqui somos convidados a invadir a intimidade de um casal octagenário, Anne (Emmanuelle Riva, 84 anos, a mais velha indicada ao prêmio do Oscar em Melhor Atriz) e George (Jean-Louis Trintignant), ambos professores aposentados de música clássica.

O filme se passa em sua maior parte (com exceção da cena do concerto) no apartamento deles. em uma manhã, Anne sofre um AVC. Fica ali olhando o nada, seu olhar está vago. O casal vai ao hospital, mas nós não. Aguardamos o retorno deles. Annne retorna em uma cadeira de rodas, sua saúde está debilitada, seu lado direito paralisado e o orgulho ferido.

Acompanhamos as modificações da casa para atenderem o novo estado de Anne.
Ficamos com os olhos vidrados vendo a ternura e o sofrimento de George que auxilia a esposa e definha com ela aos poucos. No vai e vem das enfermeiras, visita de parentes, vamos invadindo a privacidade do casal do banheiro a sala, do quarto a cozinha, vamos conhecendo a fraqueza humana, os gestos de cuidado...
George poupa os vizinhos e sua filha de ver o estado de sua amada, diz "que nada disso deve ser mostrado".

O filme não quer falar da doença, mas sim do amor, sem ser melodramático.
Sem muita beleza estética, pois não é este o foco,o filme tem seu trunfo no roteiro e ótima performance dos personagens. A trilha sonora sutil, mescla pontos de silêncio e o som de Schubert que nos imerge em pontos  do passado relembrados pelos personagens.
Somos impotentes perante a doença. No começo do filme, Haneke já nos apresenta o final.
Amor, um filme belo, triste, real e possível.

Carlos Wilker

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